top of page
  • Foto do escritorTendere Tendere

O futuro do consumo será mais sustentável?

Atualizado: 15 de mai. de 2023

Cenários possíveis para um futuro a curto e médio prazo


por Patricia Sant'Anna


Esse texto é uma conversa franca sobre nossos hábitos cotidianos, e como eles causam impactos que se você alterar, podem sim fazer a diferença para um mundo mais sustentável. E aqui estamos falando de hábitos de pessoas e de empresas. Em resumo: devemos assumir o nosso papel global na conservação de nosso planeta.

Andar de bicicleta e a pé só são soluções possíveis se morarmos em locais em que isso é proporcionado de maneira segura, e com distâncias que podem ser vencidas por esses meios. Quantas cidades você conhece que proporcionam isso para seus habitantes? E se a sua proporciona isso... você já aderiu?


Consumo = ação do consumidor de comprar, usar e se relacionar com a marca

O consumo é colocado ao mesmo tempo como vilão e como salvador sobre um futuro mais sustentável. Vamos pensar sobre isso? Vivemos dentro da lógica capitalista, que é bem mais do que apenas um sistema econômico, já que ele tem consequências diretas sobre a vida cotidiana das pessoas, sobre os valores delas, seus trabalhos, e até mesmo, pasmem, suas vivências espirituais e religiosas. O consumo é compreendido, equivocadamente, como sinônimo de compra. Mas é importante entendermos que dentro de consumo está contido o ato de compra sim, mas também os atos de uso e a relação com a marca. Portanto, neste texto, ao falarmos em consumo consciente, estamos falando destas três dimensões.


A cada produto de plástico que usamos e que vira lixo devemos ser responsáveis pelo descarte, pelo fim que este objeto vai ganhar, porque estamos enchendo rios, mares e oceanos com lixo plástico que polui e destrói o nosso meio ambiente.

Sustentabilidade

A partir do relatório Brundtland, Our Common Future, em 1987, os estudos sobre sustentabilidade têm se desenvolvido analisando e compreendendo, entre outras coisas, os aspectos do consumo e produção humanas e seu impacto sobre a totalidade do planeta e das relações entre ser humano e natureza. Foi nesse relatório que se consolidou o conceito de sustentabilidade, baseada na tríade formada pelas dimensões ambiental, econômica e social, inerentemente interdependentes e, por isso, acontecendo concomitantemente. A dimensão ambiental diz respeito aos aspectos dos recursos naturais; a dimensão econômica diz respeito ao modelo em que o crescimento econômico deve acontecer de maneira ética e justa, mantendo a harmonia com as outras dimensões; e por último a dimensão social, que trata das questões relacionadas à satisfação das necessidades básicas das pessoas, a valorização das culturas locais, a melhoria do bem-estar atual e o futuro da humanidade com qualidade de vida. Ou seja, a dimensão social da sustentabilidade orienta-se para a construção de uma sociedade que seja justa, inclusiva e democrática. Não é uma dinâmica fácil de alcançar, mas é necessária para a sobrevivência nossa e do planeta.


Agora tente juntar a definição de consumo com a de sustentabilidade... são incompatíveis? Deu um nó na sua cabeça? Sim, isso é normal, isso porque são ações sociais contraditórias, e quase antagônicas. No entanto, só temos futuro possível se mudarmos a nossa maneira de consumirmos. Consumo Sustentável, portanto, não é um desafio para amanhã, é o desafio para hoje e para o futuro próximo.


Sustentabilidade no dia a dia

Ser sustentável, em nosso dia a dia, é um trabalho hercúleo de reeducação constante, de busca por informações etc., mas, sobretudo, é ter consciência de que não há como estar nesse planeta e não ter impacto. Então, vamos ter consciência de nosso impacto e começar já as mudanças no nosso dia-a-dia? Por exemplo, algo que parece simples, mas não é: comprar de marcas sustentáveis. Afinal, o que faz uma marca ser sustentável? É necessário pesquisar a fundo as empresas e suas ações, mas ao mesmo tempo é necessário saber: ninguém é totalmente sustentável, então, cada um escolhe suas frentes de luta. Alguns buscam materiais, outros vão pelo caminho do trabalho justo, outros ainda fazem ações socioeconômicas com as comunidades do entorno. Uma coisa é certa: ao buscar por informações, você sempre vai encontrar quem aponta o dedo, quem julga, questiona e não consegue reconhecer nenhuma ação de marca alguma. E mais desinformam do que informam, mais atrapalham e nos nublam o olhar do que nos ajudam a construir boas e conscientes decisões sobre compra e consumo.


Então, como saber se confiamos ou não em uma informação? (1) Busque por informações em instituições confiáveis, especialmente, em grupos de pesquisa transdiciplinares/multidisciplinares sérios, (2) não repita uma informação que não tem fonte confiável, e (3) desconfie de quem nunca empreendeu com meta sustentável, mas tem opinião sobre absolutamente tudo (sem dominar essas áreas de maneira aprofundada). Em resumo: desconfie de quem critica iniciativas, mas nunca enfrentou com mão na massa o complexo problema da sustentabilidade, quem repete informações sem citar a fonte confiável, pessoas que apontam os problemas, mas não indicam como solucionar. Um último termômetro importante: a pessoa só fala do assunto que está em alta no momento. Mesmo sendo difícil, não desista, há fontes muito boas, e conforme vamos lendo sobre o assunto, mais difícil é cair em greenwashing. Minha sugestão é começar por livros [no final deste post vou indicar alguns que são iniciais, mas fundamentais para se criar uma base crítica mínima sobre o assunto].


Como disse, é difícil mudar os hábitos, mas não é impossível. Por exemplo, é possível diminuir o uso de plástico, mas é quase impossível baní-lo. Podemos começar a substituí-lo por papel, tecido, madeira, vidro, entre outros materiais, se dá, por favor substitua. Mas não sejamos ingênuos, nossos computadores e celulares possuem plástico e metais pesados, e é praticamente impossível viver sem eles. Em uma posição mais radical você pode mudar hábitos alimentares e só comer comida fresca, comprada em saquinhos de tecidos e redinhas, alimentos orgânicos etc. Isso é ótimo para você e para o mundo. Se você tem acesso a lojas que vendem a granel, lindo, bora fazer isso. Mas nem todos têm acesso a essas escolhas, e sim, isso é complexo de se enfrentar: quem tem e pode comer comida fresca, orgânica e comprada a granel. Por isso, atente para a realidade da pessoa antes de condená-la pelo uso de soluções com plástico, ou produtos processados. O contexto do consumidor dá condições específicas de consumo (tanto financeira quanto de acesso a produtos alternativos ao uso corrente e mais poluente). Além disso, quais informações esse consumidor teve acesso? Qual é o desafio dele frente ao não-uso? Ele tem/sabe onde descartar? Esse consumidor sabe onde descartar de maneira segura? Ele conhece as soluções alternativas? Aí se pergunte: De que maneira eu posso ajudar? Como posso contribuir para que essa pessoa não use mais essa solução? Demos esse exemplo com o plástico, mas serve para tudo: antes de julgar tente entender o contexto da pessoa, da empresa. E mais, perceba qual o seu papel, se você detectou algum problema e sabe como resolvê-lo, porque não se dispor ao diálogo e sensibilizar a pessoa e/ou empresa?


Fala-se tanto de empatia, então, está aí um bom momento para exercitá-la: coloque-se no lugar da pessoa e tente entender suas escolhas... Viu?! Não é tão fácil... notou como ela tem diversas adversidades a serem enfrentadas? Bora ajudar? Afinal, é verdade, sempre tem algo em que podemos ajudar. Dar informações, se oferecer para pensar junto em soluções, pesquisar novos materiais, enfim, achar alternativas possíveis e plausíveis dentro da realidade dessa pessoa/empresa.


O uso de uma ecobag já faz a diferença, pois são dezenas, se não centenas de sacos plásticos que não serão usados por conta de se usar uma solução fácil e reutilizável. Afinal o que custa levar a sua própria ecobag para o mercado ou feira?

Agora, a solução ideal é começara agora mesmo por nós. Aí entra um olhar atento ao que você faz no cotidiano, avalie e anote todas as suas práticas. Ao buscar por novas formas de solucionar seus impactos, se informe e veja como suas novas práticas são possíveis dentro de sua vida (do ponto de vista ambiental, economico e social). Além disso, o que é mais sustentável para mim, pode não ser para você. Oi?! Sim, é meio estranho, e pode parecer bastante superficial falar que a sustentabilidade, no âmbito de consumo, é relativa. Mas, em verdade, ela é. O consumo possui um componente simbólico que motiva as pessoas a comprarem produto X ou Y. Não podemos nos esquecer deste componente. Por isso, também é importante levar em consideração que o que choca uma pessoa, pode passar desapercebido por outra. Quais são suas maiores preocupações em termos de sustentabilidade? Comece por elas para ir se espraiando para outras. E cheque todas as informações antes de sair julgando, condenando e odiando as pessoas (tudo, absolutamente tudo tem mais de uma versão). Para mim, há uma dimensão na sustentabilidade que é a do respeito e do diálogo, portanto, partir do pressuposto de julgamento já é um equívoco.


Por exemplo, a pouco tempo assisti um documentário da National Geographic sobre a importância dos zoológicos para salvar espécies em perigo de extinção (e não são poucas, acreditem, é de chorar e se assustar). É lógico que não estamos falando de zoos de beira de estrada, esses em que os animais são nitidamente mal tratados e explorados para entretenimento. E que não tem a intenção de fazer educação ambiental. A NatGeo estava falando de zoos que são instituições de pesquisa, nos quais os estudiosos podem compreender bem as práticas de acasalamento e reprodução devido aos animais estarem em espaços controlados. Eles apresentaram cases de sucesso com animais que só tinham de 8 a 10 espécimes na natureza e conseguiram ser salvos, a partir de programas de reprodução assistida, que fizeram essas micropopulações passarem a ser de 200-300 indíviduos e que hoje já são reintroduzidos na natureza, repovoando o seus habitats originais. Então, nem todo zoológico é ruim? Sim, nem todo zoológico está ali só para expor e entreter turistas maltratando animais, na verdade, esse dinheiro das entradas de zoos (que são centros de pesquisa) financiam estudos internos, e até externos, e mesmo ajudam santuários em outros países e continentes.

Como separar joio do trigo? Quais zoológicos e instituições similares podemos apoiar? Aqueles que fazem pesquisa, que estão vinculados a universidades, a instituições sólidas de salvamento de espécies etc. Então, pagar o ingresso e comprar suvenires destes locais pode ajudar no salvamento de espécies? Sim. De novo: buscar informações de boa qualidada é o que nos faz tomar consciência sobre nossas decisões.


Instituto Alinha está na vanguarda em conjunto com pequenas oficinas de maneira a torná-las mais sustentáveis

Também devemos fazer isso do ponto de vista econômico e social. Por exemplo, quando compramos uma peça de roupa há dimensões ligadas aos materiais e à produção que devem ser verificadas. E isso demanda tempo, o que posso te indicar, logo de cara, é buscar por empresas/marcas que tenham algum tipo de certificação. Por exemplo, se você compra uma peça que tem a Tag do Instituto Alinha, você sabe que está comprando uma peça em que o trabalho envolvido é de uma oficina que promove trabalho justo. Isso não é um alívio? Afinal, sabemos o quanto o trabalho análogo à escravidão, ou em condições deploráveis são um real problema para a indústria da moda (um problema mundial, diga-se de passagem). Outro exemplo, você acabou de comprar de uma empresa que tem o selo EuReciclo, ou seja, você acabou de comprar de uma empresa que, por meio da reciclagem de seus resíduos sólidos, reduziu o seu impacto ambiental e social com segurança jurídica sobre o que está fazendo.


Marcas muito pequenas fazem suas próprias produções (artesanato) e, as vezes, não conseguem obter algum tipo de certificação, devido a complexidade e seu tamanho de faturamento. Neste caso, investigue e compre de marcas pequenas, mas que são transparentes. Que mostram como é sua oficina, o que fazem com o descarte, onde compram seus tecidos etc.


Novos hábitos: usar máscara, desinfetar tudo com álcool 70, cumprimentar sem se tocar etc.

Pandemia e suas consequências no consumo

Durante a pandemia ficamos em confinamento, e ao permanecermos tanto tempo dentro de casa começamos a tomar consciência sobre como vivemos. Inevitável começar a avaliar nossos hábitos de compra e consumo. Acredito que a primeira coisa que boa parte da classe média percebeu foi: "para quê tanta coisa?". [Lógico que estou falando da percepção de quem tem acesso livre a um poder de compra maior do que as classes menos abastadas, afinal sabemos que o confinamento, na pandemia, para as pessoas mais pobres, em nosso país, foi um pesadelo de falta de apoio, políticas públicas equivocadas etc.]. Mas, voltando à classe média, percebemos que, geralmente, temos tudo demais: roupas, calçados, móveis, objetos, decoração, produtos eletrônicos, entre outras coisas. Teve gente que percebeu que tinha até casas, carros, motos em excesso! Essa consciência do excesso, gerou uma avaliação sobre o que é e o que não é importante de fato de se ter.


Nesse contexto também questionamos o porquê tínhamos algo, assim, as casas lindas e super instagramáveis foram questionadas, guarda-roupas imensos, roupas e móveis que não eram minimamente funcionais ou confortáveis, coleções que não eram mais fruto de prazer para quem colecionava, a quantidade de eletrodomésticos, enfim, tudo foi repensado, e, assim, uma parte da classe média se abriu para novas formas sobre o consumo, para além da compra (doação, troca, locação, compartilhamento entraram no dia a dia substituindo os verbos 'comprar' e 'ter'). Despertou-se um outro olhar sobre como se consome, sobre o quê se compra. E junta-se a essa percepção sobre o excesso de coisas e consumo demasiado e impensado, outros dois pontos que temos que destacar: (1) a pandemia derrubou o poder de compra de boa parte da classe média (os preços subiram ao longo da pandemia, e a classe média perdeu empregos que eram valiosos para a manutenção de seu padrão de vida); e (2) o luto generalizado, afinal, todo mundo perdeu alguém, um amigo, alguém da família, colegas de trabalho, o luto invadiu a casa de todos, sem exceção (e tem mais uma dimensão do luto, o mundo em que vivíamos havia acabado de morrer, o século XX se foi). O ponto (1) tem como consequencia direta avaliar o preço de compra; o fator (2) nos faz avaliar o que vale a pena ter na vida. Temos então elementos suficientes para mudar a maneira das pessoas consumirem? Sem dúvida!



Golfinhos no rio Tejo, em Lisboa, Portugal - fotos: https://lisboasecreta.co/grupo-de-golfinhos-passeia-pelo-tejo-ha-mais-de-uma-semana-ve-as-fotos/

A pandemia acelerou nossa percepção sobre a natureza e como ela sofre com a nossa presença. Durante o confinamento, as notícias sobre o ar limpo em todo o mundo foram profusas, quem não se lembra das fotografias das grandes cidades chinesas com céu azul? Ou de imagens de satélite que provavam como o ar estava mais limpo? O mundo natural deu sinal de que estava mais tranquilo com essa parada dos humanos, o que nos fez ver animais andarem tranquilamente por cidades em todos os continentes. Proliferaram imagens de vidas silvestres andando nos arredores, ou mesmo no meio de grandes cidades vazias em todos os continentes. Vimos onças andando no meio da rua em diversos pontos do Brasil; golfinhos nadando no rio Tejo, em Portugal; cervos andando no meio de cidades na França, no Japão, e até mesmo nos arredores de Londres; javalis passeando no meio das ruas de Barcelona e em cidades da Itália; sieremas e jacarés atravessando a rua no Brasil; coiotes pegando sol em San Francisco, EUA; perus selvagens na Califórnia, EUA; pumas passeando por Santiago, Chile; ursos andando em cidades na Espanha; grupos de leões dormindo tranquilos no meio de uma estrada no interior da África do Sul; entre outras visitas de animais selvagens que começaram a se aproximar mais das cidades. A pandemia nos fez perceber mais sobre o nosso real impacto sobre o meio ambiente.


A consequência direta de tudo isso? Tornamo-nos mais conscientes de nossa presença, das consequências de nossos atos, e de como devemos ser mais responsáveis como compradores e consumidores. A responsabilidade não é só das empresas que produzem e nos fornecem serviços, mas é de todos, pois estamos embrenhados na mesma rede social, na mesma rede de vida. Portanto, sim, o consumidor ajuda a determinar uma série de práticas.


Peça da marca C(+)mas, de Augustina Comas, que usa como base peças de outras marcas em suas peças de upcycling (estoque parado, peças com defeito etc.). Fotografia do site: https://comas.com.br/

Como fazer um produto mais sustentável?

Primeiro de tudo, é necessário que você saiba que o nosso olhar para criar soluções parte do design estratégico como abordagem. Isso significa que pensamos a partir da perspectiva do projeto. Portanto, pesquisar, pensar criticamente, averiguar o processo de criação, criar, prototipar tendo como base um olhar para a sustentabilidade é o nosso pressuposto. Isto é, as etapas precisam ser sempre avaliadas a partir do ponto de vista de seus impactos ambientais, sociais e econômicos: pesquisa de materiais, cadeia de suprimentos, o ciclo do produto, desenvolvimento do produto, produção, distribuição etc. E é importante alinhar-se a soluções que sejam mais sustentáveis, por exemplo, usar soluções com base em economia e design circular, ter engajamento com comunidades do entorno, criar design inclusivo, utilizar design por empatia como instrumental criativo, ter como objetivo ser zero waste, reusar o que for possível, reciclar, upcycling, engenharia reversa etc.


6 passos para se fazer uma produção mais sustentável:

(1) Avalie os fornecedores (serviços e insumos) e materiais;

(2) Crie levando em consideração todos os desafios para ser o mais sustentável possível, de preferência com pensamento de uma produção circular;

(3) Produza a partir de trabalho justo;

(4) A logística e a distribuição devem ser avaliadas, e formas sustentáveis devem ser levadas em consideração (da embalagem ao transporte.);

(5) Como é a manuteção dos produtos do ponto de vista do consumidor ele é longo ou descartável (ciclo de uso do produto); e

(6) Avalie o descarte e proponha soluções que deem fim adequado ao produto, buscando reprocessá-lo, reciclá-lo, ou dando um novo fim de uso, evitando o descarte em 'lixões' (aterros sanitários).


Fazendo esses passos faremos uma avaliação do ciclo de vida do produto, e mais, buscaremos pensar não mais em uma linha reta que vai da extração ao lixo, mas sim um pensamento sistêmico sobre a produção. Uma abordagem que tem consciência de como tudo está conectado, que todos pertencem a um mesmo sistema. Assim, percebemos que o problema é tão dos outros quanto nosso.


Respondendo ao título do post

Sim, o consumo será mais sustentável.


A curto prazo...

Devido (1) ao processo de conscientização pelo qual os consumidores passam, ao serem educados para exigirem um mundo mais sustentável; (2) a pandemia demonstrou que vivemos num mundo de excessos e compras sem propósito; (3) a perda de poder de consumo nos fez revisitar a nossa forma de comprar e em que empregamos nosso suado dinheiro; (4) os valores que nos motivam a comprar foram alterados, e assim outras formas de consumir entraram no nosso radar (compra de segunda mão, aluguel, compartilhamento, troca etc.); e por fim, mas não menos importante, e (5) porque o nosso modelo de produção está a beira de colapsar (recursos naturais acabando numa velocidade aceleradíssima) a olhos vistos e temos problemas como:

  • Crise energética

  • Crise de recursos naturais e destruição de ecossistemas

  • Superpopulação e crise alimentar

  • Dependência extrema frente ao petróleo

  • Desigualdade social

Todas essas problemáticas geram conflitos sociais, econômicos e políticos que são mais um desafio a ser transposto no caminho de um futuro sustentável.


A médio prazo...

2030 está aí, e se não conseguirmos reverter o que já fizemos, literalmente estamos assinando a carta de morte de nosso mundo do jeito que o conhecemos. Portanto, urge pensar, reinventar e agir para um desenvolvimento sustentável, para que nosso entorno seja mais saudável, feliz e condizente com um futuro pleno para o planeta. Se não alcançarmos as metas das ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável que a ONU propos há anos, talvez não haja para nós, humanos, uma vida a longo prazo na Terra.


Elena Salcedo, autora do ótimo "Moda Ética para um mundo sustentável" deixa claro que causar os menores danos possíveis ajuda, mas não resolve. O que resolve é fazer as coisas de maneira diferente: "transformar sua maneira de fazer negócios, redefinir os métodos de produção e reinventar as práticas de design de modo que sejam sustentáveis a longo prazo". E o século XXI é desafiado a isso, à empresas e consumidores mudarem sua forma de usufruir do planeta Terra. Afinal, não temos uma segunda chance, temos apenas a Terra. Sim, Marte não é uma opção. Então, vamos conservar nosso planeta, e o consumo consciente é uma das maneiras de melhorarmos a maneira como cuidamos dele. Nós queremos uma perspectiva a longo prazo, e ela não é em outro planeta. Por isso, desde já mudamos nossa rota, e criamos algo novo que proporcione um melhor lugar para todos que estão por aqui hoje, e num futuro próximo.


[Observação: ficou curioso sobre o que falamos sobre Marte? Veja esse TED abaixo, no qual a astronoma Lucianne Walkow deixa claro que Marte não é uma opção de backup para nós, enquanto planeta habitável].


Indicações de leituras introdutórias ao tema (livros e documentos):

Livros

Braungart, Michael; Mcdonough, William. Cradle to cradle: Criar e recriar ilimitadamente. São Paulo: GG, 2014.

Ellen MacArthur Foundation Publishing. Circular Design for Fashion. 2021.

Gwilt, Alison. Moda Sustentável - um guia prático. São Paulo: GG Moda, 2014.

Salcedo, Elena. Moda Ética para um futuro sustentável. São Paulo: GG Moda, 2014

Weetman, Catherine. Economia Circular. 2019


Documentos

WWF. Relatório planeta vivo 2020 (https://livingplanet.panda.org/pt-br/ )

ONU. Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2030 (https://brasil.un.org/pt-br/sdgs )

ISO. Família de normas sobre gestão de ambiental eficaz nas empresas. https://www.iso.org/iso-14001-environmental-management.html


Posts recentes

Ver tudo
Post: Blog2_Post
bottom of page